sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Antes do Segundo

outra poesia feita a bordo...

Estava deitado,
O ambiente quase escuro
Uma fraca luz azul.
A garganta contraída
Daquela maneira a que denominam “nó”.
Era um momento de reflexão,
De pesar prós e contras,
Onde minha tendência trágico-neurótica
Revestia de chumbo qualquer aspecto negativo
Como carência, solidão, culpa, pressão, etc,
Fazendo o prato da tristeza baixar convicto
E eu me sentir tão abstrato quanto esses substantivos.

Como de costume, brotou,
Desse nirvana às avessas,
O medo, arquiinimigo do ego.
Retorceu forte meu estômago,
Gelou meus pulmões,
Subiu borbulhando pelas vias aéreas
Produzindo catarro, saliva
E lágrimas.
Sem dúvida estava triste,
Mas o que me fazia chorar era o medo.
De não saber porque estava triste,
Não saber do que tinha medo.
Chorava como a criança que mantém o pranto
Mesmo após esquecer o que causou a dor.
Queria me chorar inteiro:
Minhas mágoas e fraquezas,
Meus traumas e complexos,
Meus erros e defeitos.
Queria chorar o mundo
Com todas as suas injustiças.
Mas nesse momento
Todos os relógios do injusto mundo
Avançaram um segundo
E soou a campainha do despertador.
Então não tive outro remédio
Senão levantar-me,
Secar o rosto,
Vestir meu sorriso
E sair.

Nenhum comentário:

Postar um comentário