segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Poesias Fase 1

As poesias que seguem abaixo são pertencentes ao que eu chamo de Fase 1. São poesias feita ao longo da adolescência, normalmente em forma de canções, com o toque de rebeldia característico dessa fase. E uma coisa que não sei se é boa ou ruim é que muitas das minhas opiniões e posturas dessa época, que aparecem nas poesias, ainda fazem parte do meu modo de pensar.

O Homem Sem Rosto

Essa poesia segue um linha diferente das outras poesias dessa fase. Ao invés de canção, é uma história...

Havia um homem,
Que não tinha nome
Nem tinha rosto.
Não tinha família,
Tampouco amigos.
Não tinha vícios.
Não sabia o que era o medo,
Desconhecia o ódio,
Nunca havia sentido amor.
E caminhava.
Sem nunca chegar,
Ele não tinha um lar.
Procurava algo,
Algo que lhe desse um rosto.
Até aquele momento
Não sabia se era feliz,
Pois embora nunca houvesse chorado,
Também não se lembrava
De algum dia haver sorrido.

Nem sede, nem fome,
Sem cansaço ou dor.
O vazio era sua rotina.
Nenhum tipo de trabalho,
Nenhum tipo de hobby.
Ele não tinha fé.
Nem ideologia,
Nem filosofia.
E não tinha paz.
Andara o mundo
Mas não tinha pátria.
O que fazia era procurar.
Ele tinha pressa.

Ou ansiedade...?

Seria isso?
Sua única sensação
E não a conseguia definir!
Na verdade
Era apenas um mal estar,
Como se no meio do vazio,
Algo incomodasse.
Ficasse a formigar,
A borbulhar,
A se torcer.
De lá ele tirava forças
Para continuar a busca.
De lá...
E também de algo parecido
com um sonho, ou uma visão:

Encontrava uma criatura
Vazia como ele.
Ele ia a ela.
Ela ia a ele.
Ambos se atraíam,
Contemplavam-se,
Preenchiam-se.
Os dois sozinhos,
Os dois sem rostos.

Muitas vezes se perguntara
Se aquela criatura era Deus,
Ou se era o amor,
Ou se Deus era o amor;
Sem nunca, entretanto,
Chegar a uma conclusão.

Buscava sempre.
Às vezes em carreira,
Às vezes parado.
Variava conforme
A intensidade da sensação.
Sem seguir um método,
Sem nenhum critério.
A única regra
Era o tempo.
Ele teria fim.
E num momento de angústia
(Seria angústia, ou apenas a ansiedade extremada?)
Resolveu antecipa-lo.
Caminhou até um rio.
E pulou.
Ele não sabia nadar.

No instante do pulo, entretanto,
Teve uma surpresa:
Viu seu reflexo na água.
Uma criatura vazia,
Sem rosto.
Ele ia a ela.
Ela ia a ele.
Ambos se atraíam.
E quando se tocaram
E a água o envolveu
Imaginou por um momento
Ter alcançado seu objetivo
Ter cumprido sua sina:
Buscar, desde o princípio, o fim.

Mas enquanto rodopiava
Naquele meio turvo
Percebeu que era engano.
Que aquela visão, na verdade,
Mostrava que sua busca
Era por si mesmo.
Apenas se encontrando
Ele se preencheria.
E então quis viver.
Seria muito triste morrer
Sem saber o que era amar,
O que era sorrir,
O que era ter paz.

Mas ele não sabia nadar.
E então sofreu.
Teve ódio de si mesmo
Por não ter compreendido,
Por ter sido fraco.
Em vão se debatia
contra a força daquela massa
Que indiferente o levava.
E teve primeiro medo,
Depois desespero,
E, por fim, deixou de ter...

...E teve susto!
Estava na margem de um remanso.
Sentia dor.
Percebeu então que estava vivo
E percebeu quantas sensações sentira e sentia
E sorriu.
Havia conseguido,
Estava em paz.
Olhou ao redor.
Viu as mesmas coisas que sempre vira
Mas de modo diferente.
Não sabia em que diferiam,
Mas sabia que as amava.
Porque amava a vida
A compaixão do tempo
Amava-se.

Permaneceu em silêncio.
Pois agora tinha tudo
Mas não tinha palavras.
Ergueu-se e procurou Deus.
Mas sabia que não o veria,
E sabia o porquê.

Então começou a caminhar.
Estava feliz.
Até pensou em se mirar no espelho das águas,
Mas mudou de idéia.
Não era preciso,
Pois sabia que agora
Ele tinha um rosto.

Sexta Santa

Canção antiga essa, que imaginava numa levada parecida com a daquelas bandas de rock dos anos oitenta, tipo Uns e Outros, o Nenhum de Nós daquela época do "Astronauta de Mármore", etc.

Já nascemos submissos a Deus e ao sol
E crescemos submissos aos nossos pais
E vivemos tendo que respeitar patrões
Obedecemos às ordens de malditos ladrões
Ladrões! Roubam amigos por comissões
E nós ocultamos nossas opiniões
Nos afogamos em nossas profissões
E assim vivemos nessa podridão
Mentes vazias pregando a falsa pureza do coração.

Mas ainda há esperança
Pois não comemos carne na sexta-santa
E acomodados rezamos para tudo melhorar
E nos confessamos depois de pecar.

Mas de que adianta?
O egoísmo vem nos sufocar.
E de que adianta
Com a ganância a nos manipular?
Por que para um se dar bem
Outro tem sempre que se ferrar?
Eu já percebi
Fala-se amor mas não se sabe amar.

Mas talvez haja esperança
Pois não comemos carne na sexta-santa
E acomodados rezamos para tudo melhorar
E nos confessamos depois de pecar.

Existe sempre alguém disposto a nos explorar.
Existe sempre alguém a quem devemos respeitar.
Existe sempre alguém a quem devemos louvar.

E se vida após a morte não for mais que medo de morrer?
Por que para me salvar a vida inteira tenho que sofrer?
Por que devo esquecer que mereço um pouco de paz?

Mas eu devo ter esperança
Pois nunca comi carne na sexta-santa
E sempre rezei para Deus me ajudar
Já me confessei até sem pecar.

Verniz

Essa é uma das últimas canções que eu fiz, e que gosto bastante. Imagino ela numa pegada meio Titãs das antigas, um rock mais crú e visceral...

Falta-nos coragem para ficarmos nus

Diógenes pelado
Francisco pelado
Buda pelado
Jesus Cristo morreu nu

Padre usa batina
Pastor usa terno
Tem mulher que usa burca
Todo mundo nasce pelado

Damião era corcunda
Sebastião afeminado
Paulo era assassino
Madalena prostituta

Todos jogamos pedras
Todos jogamos pedras
Todos jogamos pedras
Tiremos esse verniz

Todos nós somos duos
Todos nós somos homens
Somos todos pombas e cobras
Quando estamos nus

Sob o riso, o medo
Sob o poder,o roubo
Sob o hábito, o vício
Sobre a pele o pêlo.

Subindo A Ladeira

Um reggae que acho bem bonitinho

Estou aqui
Sem lírios nem cogumelos
E mesmo assim
Submarino amarelo

Estou feliz
Ninguém pode proibir
Eu e meus irmãos
De cantar e sorrir

Vivendo,
Curtindo,
Aprendendo,
Subindo a ladeira
São Thomé,
Trindade,
Maresia
Praia Vermelha.

O meu elo
É luar e fogueira
Um violão
Tocando a noite inteira

Viajar
Em meio à natureza
Se integrar
Contemplar a beleza

Vivendo,
Curtindo,
Aprendendo,
Subindo a ladeira
São Thomé,
Trindade,
Bonito,
Petar e Juréia.

Tanta gente
Nos diz que sentir
O que usar
Como fazer, como agir.


Para mim
Juventude brasileira
Está confusa
Neblina na ladeira

Vivendo,
Curtindo,
Aprendendo,
Subindo a ladeira
Guaecá,
Santiago,
“Caraguá”
E Boiçucanga.

Um Consolo Poético

Essa poesia é uma daquelas que apesar de serem horríveis, tem valor sentimental. Época de adolescência. Éramos os Kamikazes (Gordon, Zóio, Flay, Carpa), a tribo sem tribo. Íamos a todas as baladas em tudo que é buraco. Tem esse nome porque escrevi para o Carpa, em uma das mil crises dele (ele teve outra outro dia)...não lembro se cheguei a entregar pra ele, acho que sim. No meio desses versos sem sentido tem um monte de histórias daquele tempo, por isso achei bacana guardar...

A dor é sua.
A chuva é minha.
A união é nossa.
A indiferença é deles
Mas pouco importa.
Por enquanto temos um ao outro
Um ombro amigo,
Uma válvula de escape,
Sei lá.
Alguém para desabafar.
E quando a vida insistir
Em nos afastar
E o destino nos levar
Para lados opostos
Ainda assim
Teremos a nós mesmos
Teremos essa força
Que nos torna diferentes.
Tão diferentes,
E só porque sabemos viver.
Porque sabemos
Quando queremos,
Chutar as etiquetas
E fazer o que temos vontade
Teremos também nossas lembranças.
Lembranças de nossas conversas
De nossas baladas
De nossos porres
De nossas fossas
Aí então
Em meio à dor e a chuva
Construiremos um santuário.
Louvaremos as poesias
E também nossos irmãos
Louvaremos o 1, 3, 9,
Ouviremos Legião.
Louvaremos o foda-se,
O caldo de mocotó
Louvaremos nossos filhos
E tudo o mais.
Louvaremos todas as pequenas coisas
Que nos fizeram tão felizes.
Um salve as moedinhas,
Um salve ao Dia das Bruxas,
Um salve aos picos cybers
Um salve ao Mister Beer
E a cada dor que sentir
E dificuldade que passar
Lembrarei-me de você
E quando você olhar pro céu
E a chuva cair
Lembrará de mim.
E então, de repente,
Como nos velhos tempos
Sem motivo aparente,
Sozinhos, iremos sorrir.

Volta às Aulas

Época do colegial...veja o lado bom, pelo menos eu transformava a vagabundagem em poesia...sempre imaginei essa canção sendo cantada naquele estilo meio funk como le gusta...voz grave, e tal.

Volta às aulas
Voltam os papos
Bate-papos
Bate-bolas
Bate-bocas
Beijam-se as bocas
Bocas úmidas
Úmido gargalo
Sinuca, truco, trago.
Só estrago
Mal trago material
Venho pela idéia
Rever o pessoal
Rever o conteúdo
Meu Deus
Será que agüento isso tudo.
Tenho até assimilado
Genótipo, peso,
Co-seno ao quadrado
Às vezes embaça
A gente padece
A hora parece que não passa
Tanta pressão
Avaliação
Medo da direção
Instruir-se, sim.
De paranóia estou fora
Dar um perdido?
Só se for agora.

S/ Exp.

Fiz quando tinha uns quinze ou dezesseis anos, época em que começei a procurar emprego...imaginava essa canção numa pegada meio soul, só que daquele jeito swingado, não sei se é isso que chama groove, enfim...

Acordo de bode
Faço barba, bigode,
Tomo rápido um toddy
E saio pra camelar

Sem grana pra condução
Sem qualificação
Nem capacitação
Profissional

E de pastinha na mão
Muitos anúncios, então
Bato nas portas em vão
Me mandam passear

Porque eu não falo ing.
Não manjo de inform.
Também não tenho exp.
O meu cur. sup. é incompl.
Parei no segundo
Ano de com. ext.

Chego cansado
Tenso, desanimado,
Um banho demorado
Pra relaxar

Mas logo o dia termina
E amanhã a rotina
Acho que é minha sina
É sempre igual:

“Muito bom dia senhor”,
“Com licença”, “Por favor”,
“Quero mostrar meu valor”,
Eu quero trabalhar!

Mas eu não falo ing.
Nem manjo de inform.
Também não tenho exp.
O meu cur. tec. é imcompl.
Parei no segundo
Ano de mecatron.

Relatos de um Hoje Futuro

Antiga...bem antiga...Acho o título muito legal, mas na verdade não gosto dessa poesia, mas postei assim mesmo, dá que alguém gosta...

Chega mais um fim de ano
De forma um tanto senil
Carros voando e et`s achando
A nossa mente tão fútil

Fútil por quê? Eu penso tanto
Tanto que tento entender
Por que tanta gente voando
Tanta gente a se esconder

Eu penso, juro que penso,
Mas não posso acompanhar
Código em barras, anticristos,
Andróides, bases lunar.

E os cristãos queimados vivos
Rezam para se salvar
E em volta das fogueiras
Jovens ficam a cantar

Larará larará larará

Não devo, mas às vezes
Eu tento recordar
Onde estão os meus amigos
Que o mundo iam mudar?

Entraram em garrafas
Pediram pra eu tampar
Pareciam tão felizes
Quando os joguei no mar

Não sei bem quem eu sou
Nem onde quero chegar
Privaram-me do saber
Não me permitem questionar

Acho que na verdade
Eu já perdi a noção
Do que é tempo espaço
O que é loucura ou razão

Reggae Avesso

é mesmo um reggae as avessas, onde em vez de falar que a maconha é uma erva natural e etc e tal, eu falo o porquê de eu optar por não usar nenhuma droga, mesmo convivendo com tanta gente que usava, naquele tempo em que havia os reggaes nas mansões, em sbc.

Eu hoje vejo a paranóia
Consumindo tantos irmãos
Que com os rostos desfigurados
Acabam por sujar suas mãos

Eu quero coisa melhor pra mim
Uma menina para amar
Eu quero ser feliz sim
Por isso eu não vou desandar

Sei que a realidade é dura
E que a vida está difícil
Mas eu quero fogo de verdade
E não fogos de artifício

Eu quero coisa melhor pra mim
E de alguma forma lutar
Não quero a vida tão pobre assim
Por isso eu não vou desandar

Eu sei que é lindo sonhar
E ver tudo tão colorido
Mas se as cores não são reais
O sonho é um riso fingido.

Eu não quero chegar ao fim
E ver que nada pude mudar
Quero fazer soar o clarim
Se um novo tempo chegar

Por isso eu não vou desandar...
Por isso eu não vou desandar...

Raque Parnasiano

foi um dia em que acabou a luz em casa...

Há que cantam anjos
Circundando a vela
Tremeluzem banjos
Em toada bela

De vento moinho
Um só souvenir
De pedra raminho
Sem cor ou florir

Cenário: Estante
De madeira morta
Com os elefantes
Tornados da porta

Em base segura
De ornada fita
Deusa da fartura
Em lótus medita

O cinzeiro anseia
A cinza cair
Mas essa candeia
Já vai se extinguir.

“Às vezes, quando não conseguimos ver o que é concreto, entendemos melhor o que é abstrato”.

Mosquitinhos

Essa canção é uma das minhas grandes frustações. Quando vi a peça "Calendário da Pedra" da Denise Stoklos, voltei pra casa com a certeza de que assim como a protagonista, eu também gostava de escrever "mosquitinhos". E uma vez que essa atriz sempre me tocou forte, resolvi fazer o que eu achei que seria uma homenagem, como costumo fazer com tudo que me encanta. Acontece que o resultado foi essa poesia. Fraca, insossa, uma ofensa àquele trabalho maravilhoso que era a peça. E o pior: empolgado pela própria peça eu enviei a poesia para o email da Denise. Só depois, ajudado pelo silêncio da ausência de resposta, entendi qual o real valor da minha obra...nenhum! Quis refazê-la, mas foi impossível, e cheguei quase mesmo a rasgá-la, ou deletá-la, enfim, destruí-la. Mas então a própria lembrança da protagonista da peça me fez mudar de idéia. Pois embora não tenha força, por mais que seja insossa e fraca, que seja, enfim: ruim! Foi um momento onde dediquei o melhor de mim, foi um êxtase, algo que só bem depois eu entenderia como eudaimonia. Se o resultado foi apenas isso, então é isso o que tenho para mostrar ao mundo! Sou um poeta sem estrela, sem brilho. Nesse momento entendi minha sina. E assim continuei escrevendo, pois mesmo que não possa fazer brilhar o mundo com minhas luzes, espalharei por ele meus mosquitinhos.

Não tema ser piegas
Ao dizer eu te amo,
Se você realmente amar.
Não deixe pra depois
Um gesto, um carinho,
Uma palavra, um olhar.

Nunca perca tempo,
Pois não sabemos quanto tempo
Um momento irá durar.
Não crie contratempos,
Pois nem sempre haverá tempo
Para os consertar.

Talvez o tempo que um leva para admitir seu erro
Seja maior que o tempo que o outro espera para perdoar.

E não espere mais
Para fazer o que gosta,
Não espere para ser feliz.
Não é perda de tempo
Parar por um momento
Pra ouvir o que o coração diz.

Dome o velho tempo.
Crie então seu novo tempo.
Trace seu destino a giz.
Não deixe seu momento
Se perder pelo tempo,
Faça-o ter raiz.

Talvez o tempo que você acredita que pode esperar
Seja maior que o tempo que a vida tem para lhe dar.

Meus Amigos Nunca Choram

Uma de minhas primeiras canções, bem adolescente. Na verdade esses "amigos" seriam os demais adolescentes, que ao contrário de mim não pareciam se emocionar com um livro, um filme, uma peça de teatro...sei que atualmente pode parecer algo meio na linha "emo"...rs...mas imaginava essa canção sendo cantada na pegada do Nirvana, bem pesada, apesar de não ser fã dessa banda mesmo na época...

Meus amigos nunca sentem
A falta de ninguém
Se companhia é muito bom
Solidão é bom também

E eles não respeitam
Nenhuma autoridade
Fazem o que querem
São servos da vontade

Meus amigos nunca choram
Nem ao sentir dor
Nem por algo belo
Por tristeza ou pavor

Não temem a morte
Nem a escuridão
Não temem o ódio
E nem a paixão

Meus amigos nunca choram
Nem por um momento
Eles nunca choram
Não demonstram sofrimento

Meus amigos nunca choram
Por falta de carinho
Eles nunca choram
Quando se sentem sozinhos

Meus amigos nunca choram
Nunca, nunca choram.
Meus amigos nunca choram
Ou dizem que não choram

Meus amigos nunca choram
Eles nunca choram
Mas será que não choram?
Será que são tão tolos assim?

Massa e Fumaça

Fiz essa poesia com mais ou menos 11 anos. Foi minha primeira poesia, ou pelo menos foi a partir dela que eu descobri que gostava de escrever poesias. Mas ela tem um sério problema: foi sendo remendada durante o tempo, porque a mudava de acordo com minhas próprias mudanças. Não tenho mais o original dela, que não se parece em quase nada com o formato atual. Hoje ela representa pra mim a minha própria inocência violentada...mas enfim, serviu de lição, por isso as demais poesias dessa que eu chamo de fase 1 foram, na medida do possível, preservadas, com suas virtudes e defeitos...

A massa condena a fumaça
Mas sem massa
Não há fumaça
A fumaça nasce como obra da massa
A fumaça, o pó, a pedra, a bala,
São culturas da massa
Sem bala, pedra, pó, fumaça,
A massa amassa
Seus semelhantes
Por bala, pó, pedra, fumaça,
A massa mata
Seus semelhantes
A fumaça embaça a visão da massa?
Ou a massa é cega por fumaça?
Maldita a fumaça?
Sim!
Maldita seja a massa.

Mais Uma Canção de Amor

na verdade é uma brincadeira com a minha incapacidade, nessa época, de falar algo sobre o amor...

Eu sei que você não presta
Está longe de ser um bom partido
Mas quando te vejo por perto
Nada mais faz nenhum sentido

Pensar em você me dá náusea
Qualquer valeta vira abismo
E o pior é que vivo pensando
Será que isso é masoquismo?

Dos defeitos que eu conheço
Você é uma salada mista
Mas se enlouqueço ao seu lado
Fico pior se te perco de vista.

Vejo bondade em sua áurea
E isso me dá uma agonia
Pois não sei se é mediunidade
Ou se é esquizofrenia

E a Vida Segue Constante Como Sempre

Parceria com Wilson Rildo...acho essa canção muito forte, me inquieta, porque parece que esse jogo de tempo realmente prevê nossa trajetória, como se o Gordon e o Rildo adolescentes me olhassem com uma certa desilusão...e eu concordo com eles...

Nosso desejo se perdeu em tantos medos
Nosso passado continua no presente
O pesadelo continua nesse sonho
E a vida segue constante como sempre

E a vida segue constante como sempre {3x}
E a vida segue...

O nosso sonho era passar uma mensagem
Construtiva equação de rebeldia
Que esbarrou no poder da realidade
Nos obrigando a olhar de frente a vida

Nos obrigando a olhar de frente a vida {3x}
Nos obrigando...

A juventude passa num estalar de dedos
E nos sobra a saudade de um futuro
Um futuro almejado no passado
E que se torna cada vez mais obscuro

E que se torna cada vez mais obscuro {3x}
E que se torna...

Não vou dizer que não estou fazendo nada
Nem vou jurar que assim ainda fico
O que eu quero é beber da eterna fonte
Matar a sede existente em meu espírito

Matar a sede existente em meu espírito {3x}
Matar a sede...

Não Penso em Versos Rimados

Não penso em versos rimados.
Não penso estrofes de amor
Nem com concordância verbal.

Talvez diga sujeitos
Compostos, indeterminados,
Talvez diga predicados,
Talvez só diga besteira.

Meu cérebro não tem margens.
Minhas idéias não rimam com nada.
Meus sentimentos, estrofes que se enlaçam.

Quando forço as frases
Limito minhas palavras,
Tudo o que sinto se perde.
Ou se torna fútil, sem graça.

A vida rima sem pretensão.
Palavras rimam com gestos,
Pessoas rimam entre si.

Vou escrever poesias
Como a vida escreve a sua própria,
Fazer do caos e do acaso
Matéria de inspiração.

Rimar lágrima e alegria,
Miséria e realidade,
E também vontade com luta.

Em tudo há poesia.
Nós mesmos somos sonetos
Onde se muda o recheio
Mas é o mesmo fim e começo.

No fim tudo se encaixa,
Cores e formas se moldam,
Dando beleza ao enredo.

Curingas nesse contexto,
Objetos, ora sujeitos,
Completamos, praticamos,
Ou recebemos a ação.

E a Palavra Esvai-se

Folha em branco.
Linhas intactas.
Nenhuma frase escrita.
Vazio o coração.
A mente a buscar
No obscuro arquivo
O motivo da inquietação.
As mãos intranqüilas,
Os olhos no nada,
Os lábios cerrados
Sem verbo, o pão.
A testa suada,
A noite calada.
Fugaz é a inspiração.

* * *

Tempo e espaço se foram
O vazio se firmou
E o que seria dito
Foi só esquecido
E em meio ao pó da memória
Com linhas intactas
Uma folha vaga ao vento
Com sua textura
Amarelada
Sem intento.

Deprê

Hoje estou meio “deprê”
Não sei direito o por quê
Sei que todos têm problemas
Bem maiores que os meus
Sei que tenho mais
Do que preciso pra viver
E tenho bem mais
Do que julgo merecer
Também sei que não há motivo
Mesmo assim quero gritar
Dentro estou revirado
E sem vontade de arrumar
Deve ser essa rotina
Ouvir rádio, ver tv
Às vezes quero chorar
Às vezes quero me esconder

Não precisam nem dizer
Que sempre temos de lutar
Que isto não é saudável
E não é certo se entregar
Só quero curtir um pouco
Ninguém pode reclamar
Não é fossa ou fim de poço
Só quero desabafar
Não quero que me escutem
Nem que venham consolar
Só quero ficar sozinho
Mim comigo pra pensar

Hoje estou meio “deprê”
Não sei direito o por quê
Tenho vontade de dormir
E só acordar quando esquecer
Talvez sejam esses livros
São histórias deprimentes
Ou o dia nebuloso
Embaça tudo à minha frente
Sei que estou meio “deprê”
Nem me interessa o por quê
Daqui a pouco isso passa
E então volto a viver.

Depois de Gandhi Ninguém Nunca Mais Pensou

eu imagino essa canção em um ritmo de ska.

Eu acho que...
Segundo o...
Defendo a...

Todos têm sempre algo importante pra dizer
Alguma história interessante pra contar
Ponto de vista pra qualquer situação
Uma anedota ou mera informação

Todos defendem com unhas e dentes
Suas idéias e opiniões
Que na verdade pouco tem de suas
Não são idéias, são repetições.

Depois de Gandhi nunca mais ninguém pensou
Depois de Freud nunca mais ninguém pensou
Depois de Marx nunca mais ninguém pensou
Depois de Darwin nunca mais ninguém pensou

Todo mundo adora fazer citações
De poemas ou de trechos de canções
Frases profundas ditas por algum ator
Algum profeta, poeta ou escritor.

Já não sabemos se o que a gente sente
Vem dos ouvidos ou do coração
O que nos sobra na área da memória
Nos falta na área da imaginação

Depois de Platão ninguém nunca mais pensou
Depois de Tales ninguém nunca mais pensou
De Epicuro ninguém nunca mais pensou
De Confúcio ninguém nunca mais pensou

Depois de Bob Marley ninguém mais pensou
Depois da Tropicália ninguém mais pensou
Depois de Raul Seixas ninguém mais pensou
Depois de Beethoven ninguém mais pensou

Declaração

Sei que conjeturam
Mas no fundo não importa
Quem tu és,
De onde vens,
Pra onde foste,
Ou onde moras.
Interessa-me
A tua palavra
O teu exemplo como homem
A esperança em teus discursos
Em teus atos
Na tua morte

Se Maria não for virgem
E José for o teu pai
Nada perde a divindade
A verdade é muito mais
Se o céu não escureceu
Ou mesmo sem vencer a morte,
Transcendeu-se tempo e espaço,
Tantos falam o teu nome.

E que ele sirva sempre
E apenas de motivação.
Nunca como escudo,
Escora, fuga ou opressão.
Afinal de que adianta
Tal exemplo de coragem
Ser posto tão distante
De quem segue os seus passos.

Bacco

Um adolescente com aspirações poéticas que resolve homenagear o seu cachorro. Essa poesia não tem valor literário, mas tem valor sentimental. O Bacco foi um cachorro bem melhor do que essa poesia...

Bacco, vira-lata mulato
Que acaricio e bato,
Que deixo preso
Tantas vezes desprezo

Expressivo por completo
Um só olhar transmite afeto.
Súplica e dor
Excitação e amor.

A calda balanças
O portão alcanças
E com o lar às costas
Vês o mundo e suas portas

Quando a noite chega
Regressas e te aconchegas
Em tua velha manta laranja
Espreguiças e esbanjas

Impossível compreender
Esse jeito de ser
Com futilidades enraiveces
Em calamidades nem te mexes

Tuas armas são as prezas
Nenhuma palavra expressas
Tua voz é o ladrar
Teu amor é guardar.

És livre assim
És sábio sim
Com o instinto a te guiar
Não necessitas pensar.

Pra você melhor seria fazer um rap.

Cambão

Parceria minha com Wilson Rildo, na verdade acho que mais dele do que minha.


Cambão
Com a força que tu tens
E o poder de tuas mãos
És tratado como um animal
Por esse povo que se diz racional

Você
Que é explorado desde que nasceu
E que por toda a sua vida correu
Hoje cansado vê que o tempo passou
E o que buscava ainda não encontrou

E não
Não buscavas nenhum paraíso
Também não desejavas ser rico
Querias só viver com dignidade
Sonhando alto talvez felicidade

Viajou
Com toda a sua família
Dentro de um ônibus por três dias
E mesmo vendo seu filho chorar
Você achou que a sorte ia mudar

Chegaste
À grande Canaã: São Paulo
Para ganhar respeito com trabalho
E esquecer todo o sofrimento
Toda dor e todo desalento

Porém
Seu sonho virou pesadelo
Você reviu aqui a fome e o medo
E agora ainda é discriminado
Por ser nativo de outro estado

No peito
Um coração endurecido
Se esforça pra mantê-lo vivo
E só se conforta quando você ora
De fronte a imagem de Nossa Senhora

sábado, 29 de agosto de 2009

Ciclo

pouco mais que verbos no infinitivo...


Chegar
Forçar
Entrar
Deixar fluir
Di-vi-dir
Dividir
Dividir
Formar
Nutrir
Ver a luz chegar
Sofrer
Chorar
Respirar
Ouvir
Cheirar
Sentir
Tatear
Enxergar
Andar
Falar
Brincar, brincar,
Crescer, crescer,
Refletir
Não entender
Revoltar
Esgoelar
Tentar fugir
Desistir
Estudar, estudar,
Cantar e rir
Divertir
Beber, fumar,
Tentar largar
Trabalhar, trabalhar,
Namorar
Casar,
Amar!
Amar?
Procriar
Entregar
Esquecer
Emudecer
Enganar
Trabalhar, trabalhar,
Divorciar
Tentar voltar
Aposentar
Adoecer
Medicar
Deprimir
Acostumar
Tentar levar
Piorar
Internar
Melhorar
Recair
Não resistir
Ver a luz cessar
Parar
Dormir
Perecer
...e tudo isso pra quê?...

Causa-Efeito

esse rock é na verdade um mero jogo de conceitos e palavras, mas a própria sociedade na maioria das vezes não é muito mais do que isso.


Quando tudo for de todos não haverá roubo
Quando não houver posse não haverá perda
Quando não houver limite não haverá excesso
Quando não houver ódio não haverá ira
Quando não houver cobiça não haverá inveja
Quando não houver inveja não haverá guerra
Quando não houver juiz não haverá pecado

E quando houver amor...
Ah...Quando houver amor...

E com respeito talvez não haja preconceito
E sem preconceito haverá harmonia
Sem paternalismo, talvez cidadania.
Sem corrupção, talvez democracia.
E sem fome talvez se fale em filosofia

E quando houver amor...
Ah...Quando houver amor...

Quando não houver...Haverá...
Quando não houver...Haverá...
Quando não houver...
Quando não houver...
Quando não haverá?

Quando não houver...Haverá...
Quando não houver...Haverá...
Quando não houver...
Quando não houver...
Então haverá paz.
Verás.

Aos Antigos Hefestianos

Recentemente fiquei feliz ao saber que de fato essa canção não é em memória...


As portas da percepção estavam trancadas
A estrada pra volta estava escura
Seus olhos vagavam buscando o nada
Não havia amigos para pedir ajuda
Quando você se perdeu
As amizades sumiram
Só então percebeu
Que tudo era mentira
Todos seus companheiros
De praça, de esquina,
Mas te abandonaram
Na psicodelia.
E você
Ainda está aí
Vendo tudo torto
Leso, talvez morto.
Sem ter nenhum porto
Para atracar.
Mas eu
Ainda estou aqui.
E estou disposto
A assumir o meu posto
Mas não darei meu rosto
Pra ninguém socar.
Vocês tombaram na linha de frente
Mas eu sobrevivi na retaguarda.
Vocês quiseram derrubar o muro,
Eu acho melhor tentar uma escalada.
Quando estiver no topo,
Eles terão de me ouvir.
Passarei a mensagem
Nem que morra a seguir
Sustenta-me a visão
Visão essa é aquela
Em que o drama e a comédia
Estão pintados pra guerra.
Guerra sem rios de sangue
Guerra sem mar de feridos
Revolução cultural
Feita com arte, sem tiros
Pra que se afastem todos
Do sistema falido
Onde o Homem se mata
Por não saber seu nicho.
Paz e amor sempre.
Muita coragem agora.
Será que esta canção
É em memória?

Blues da Bunda

Bumbum é bom.
Ta bom, já sei.
Mas beijo, boca,
Abraço, umbigo,
Eu digo:
É muito bom também

Bumbo, zabumba,
Bumbo, zabumba,
Bunda, bumbum,
Nádega,
Atabaque, bongô.

A bunda rebola ao som da zabumba
E te faz babar.
A bunda balança ao som do bumbo
Quanta baba.

A bunda se tornou o centro das atenções.
Já venceu a mente,
O ventre, os olhos,
Os colhões.

A cabeça serve só pra por as mãos
Enquanto a bunda desce
Requebrando
Até o chão.

A bunda rebola ao som da zabumba
E te faz babar.
A bunda balança ao som do bumbo
Quanta baba.

A bunda é a grande paixão nacional
É capa de revista
É vista em comercial

Bunda de banda abunda e aponta para o Sol.
O Brasil é o país da bunda
E do futebol.



Estamos no país do samba.
A bunda é bamba em rebolar.
Mas tem um papo que é fato
E nenhum “bundólotra” pode negar

É sempre o cérebro que vai mandar...

...o impulso nervoso
Pelos nervos do corpo,
Que é o que faz balançar
A bunda

Este é o blues da bunda.
Ele é um blues: é um lamento.
E nisso tudo o que eu mais lamento
É nada poder mudar!

A Flor Azul

Fiz essa canção depois da morte do Renato Russo (acho que foi 1996). Eu não conhecia muito legião naquela época, mas com aquela tradicional mídia que acontece depois da morte de alguém, começei a ouvir mais, e acabei escrevendo essa canção, que imaginava sendo cantada pela voz potente dele. Apesar de fazer parte das minhas composições de adolescente, eu gosto bastante dela, e recentemente eu a reduzi a esse formato que será o final, para manter as características da minha fase 1.


Uma flor azul
Vinda do céu
Colhida da nuvem
Onde um anjo a plantou

Esta flor azul
Vinda do céu
Veio pra nos mostrar
Que há algo acima de nós

Acima de nossos conhecimentos
Algo que envolve nossos pensamentos
Infelizmente é uma flor sem sementes
Única chance de nos redimirmos

Não é uma flor para ser estudada
Nem explicada, nem entendida,
Basta ser sentida por nossos corações
E nos livrar de nós mesmos
De nossos erros
Que se despregaram da cruz

E quem sentir o amor
Que emana de cada pétala
Terá a chance de sentir
O sabor de um arco-íris
E existir livre de todos os medos
Sereno, belo e leve
E sede deixar de ter
De ambição ou poder
Para apenas ser luz e cor.

Cavaleiros de Pedra

Prólogo: - Esta é uma canção feita para brasileiros.Esta é uma canção feita por brasileiros.Brasileiros indignados por verem seus carrascos, os mesmos que dizimaram os índios e escravizaram os negros, aqueles que afundaram a nossa história num mar de sangue e corrupção do qual ainda não conseguimos emergir, serem homenageados em nomes de praças, de escolas, de ruas, em esculturas...de pedra.

Cavaleiros de pedra
Predadores
Com seus cavalos-tratores
Constroem torres
Derrubam flores
Império que causa horrores
Pregam o mal
Do anjo negro
E do demônio vermelho
Só vêem o bem
Dentro do espelho
E no sagrado dinheiro

Cavaleiros de pedra
Conquistadores
Pés brasas, mãos foices.
Seu império cinza
Transforma em cinza
Todos os nossos valores
No outdoor
Evolução
Embaixo o povo gemendo ao chão.
No alto ri
O presidente
Embaixo o povo sem dentes

Cavaleiros de pedra
Destruidores
Matam para seus senhores.
Matam minha gente
E então contentes
Recebem muitos louvores.
Eles são pedras
Só pensam pedras
Sentem pedras e agem pedras.
Praças de pedras
Bustos em pedras
De algumas ilustres pedras.

Cavaleiros de pedra...

Hipnose

Junto com "Cavaleiros de Pedra", foi a primeira canção que tive coragem de tirar da gaveta. Eu e o Rildo chegamos a musicá-la, mas depois o tempo passou e ela voltou para a gaveta assim como todas as outras...sabem como é "A Vida Segue Constante como Sempre"...

Hipnose...Estou ficando cansado
Hipnose... Meus olhos estão pesados
Hipnose...Um...Dois...Três...Um estalo
Hipnose...Num estalo eu liguei.

Hipnose...Ah! O mundo é tão bom
Hipnose... Como uma grande nação
Hipnose...Viva a evolução
Hipnose...Somos todos irmãos

Hipnose...É tão fácil entender
Hipnose...Já vem pronto para beber
Hipnose...Porque sexo seguro...
Hipnose...Porque hálito puro...
Hipnose...Pra quem gosta de aventuras...
Hipnose... Maciez e fofura
Hipnose...Sucesso garantido
Hipnose... Não estraga o tecido

Hipnose...Você faz isso faz than
Hipnose...Ou faz aquilo faz thum
Hipnose...Be bop a lulla bep bum!

Eu sou...Eu vou...Oh...Oh...Oh...Oh...

Hipnose...Porque drogas nem morto...
Hipnose...Estabilidade e conforto...
Hipnose...Um prazer mais intenso
Hipnose...Ah! É isso que eu penso
Hipnose... É o melhor pro meu cão
Hipnose...E não estraga minhas mãos
Hipnose...Faz comida a vapor
Hipnose...Tempera e da cor

Hipnose...Que corta tudo
Hipnose...Só que às vezes não corta
Hipnose... Mas o que é que importa

Eu sou...Eu vou...Sou...Vou...Oh...Oh...

Hipnose...Porque você é inteligente...
Hipnose...Porque não estraga o dente...
Hipnose...Porque você é bonito...
Hipnose... Ah! Por isso ou aquilo.

Hipnose...Estou prestando atenção
Hipnose...Faz bem para o coração
Hipnose...Protege do sol
Hipnose... Não contém colesterol
Hipnose...Estou atualizado
Hipnose... Isso me deixa animado
Hipnose...Um...Dois...Três...Outro estalo
Hipnose... Desliga...Estalo...Acordei.
Hipnose...

Literatura

Canção com estrutura simples que confessa essa minha paixão. Nos versos citações de algumas das personagens e histórias que mais me marcaram.

Conto, romance, fábula ou novela.
Verso ou prosa. Toda forma é bela.
Todas transmitem algum sentimento.
Nos fazem pensar ao menos um momento.

Em todas as nossas atitudes
Enquanto humanos, enquanto mortais.
Cada personagem uma lição de vida.

No fim Winston amou o Grande Irmão.
O homem é Gregor após a mutação.
O Selvagem mostra a importância da dor.
Mas nem toda estória termina em horror,

Pois Dorothy voltou pra casa,
O Espantalho aprendeu a pensar
E o Homem-de-Lata hoje tem coração.

Iracema, anagrama da invasão.
Viramundo, fantoche da situação.
Baleia, alvejada devido à mazela.
E tantas outras igualmente belas.

O Pequeno Príncipe é puro
A raposa, a rosa, a cobra, os baobás,
Com inocência ele transmite a lição

Macondo, seu tempo e sua solidão.
Brutus e Iago, ícones da traição.
No mal branco aflora o mal da sociedade,
A lucidez, veste de branco a cidade.

Narizinho e Emília,
Pedrinho, Visconde e tantos outros mais.
Bolinhos-de-chuva, serões e sacis.

Toda história é igual à vida,
Ora vitória, ora batalha perdida.
E vagando em meio a bandido e mocinho
Cada um escolhe seu próprio caminho.


O passado salvo em arquivos
O presente está estampado em manchetes
O futuro surge da literatura.
A poesia que segue abaixo, "A Canção dos Sonhos", eu fiz já há muitos anos, uma singela homenagem ao filme Yume, ou Sonhos, do Akira Kurosawa...um dos filmes mais belos que já vi.

A Canção dos Sonhos

Sonhos são sentimentos
Psíquicas parábolas
Pálpebras tão trêmulas
Sonhos são surreais

Estradas de tinta em tela
Um trago, um gole de Van Gogh.
Mesmo à morte os soldados
Vão em forma militar

E o cão que late lança culpa à patente.

Nos demônios disformes
Chifres podres de poder
Das entranhas altos brados
Pois estranham tanta dor.

Quem diz que a neve é quente
Quer te nevar mais e além
O instinto impele o povo
A pular pra Poseidon.

E o homem sem armas encara a morte iminente.

Dança, pra criança,
O pomar preste a partir
O choro rola ao rosto
Porque pôde apreciar.

Após boa e bela vida
Faz-se festa à mão da foice
Quem contempla o proibido
Paga o preço com o punhal.

E o menino caminha até o fim do arco-íris.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Eudaimonia

Durante o semestre de ética (eca / 2009), percebi que vários filósofos. com pensamentos completamente divergentes, como Aristoteles, Epicuro e até Nietzche, tinham algo em comum: acreditavam que devíamos valorizar ao máximo o momento presente. Por isso fiz uma poesia chamada "Eudaimonia", juntando a visão desses tres caras sobre esse assunto. É uma poesia em forma de canção, com palavras e rimas bem simples. Mas no meio dessa brincaceira aparece o eterno retorno, o carpe diem (em um trocadilho propositadamente inexato), e a própria eudaimonia, que é para Aristóteles o momento onde o indivíduo está em harmonia com o cosmos, fazendo exatamente o que ele deveria fazer, como uma peça de engrenagem exercendo sua função exata. Na eudaimonia, o sentido e o prazer da ação é a própria ação.

Quero viver
A eudaimonia
Com grande estilo
Carpir o dia
Em paz com o cosmo
Em harmonia
Felicidade
Não se adia

Colher os frutos
Da amizade
Ser comedido
Ter liberdade
Viver a vida
Com qualidade
Mil Sensações
Tranqüilidade.


Quero viver
A eudaimonia
Com grande estilo
Carpir o dia
Meu canto não
tem serventia
Mas ao cantar
Sinto alegria

Sou uma gota
De Pensamento
Num maremoto
De sentimento
Querer eterno
Cada momento
Total potência
Sem sofrimento


Em paz com o cosmo
Em harmonia
Felicidade
Não se adia
Meu canto não
tem serventia
Mas ao cantar
Sinto alegria
Quero viver
A eudaimonia
Com grande estilo
Carpir o dia