sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Ritual do Vinho

A mão colhe o fruto.
Com os pés faz-se o mosto.
Do açúcar se alimenta o fungo
Que gera o álcool
Que enrubesce o rosto.
Os olhos se embriagam.
A terra seca outra vez.
Depois do porre, a ira,
A maldição lançada,
Por ter sido coberta a nudez.
A cortiça impede a entrada
Do ar, mensageiro do tempo.
Que oxida, forma o vinagre
Levado aos sedentos lábios
Do mártir pouco limpo.
No balanço ensaiado da taça
(antes do brinde onde o cristal canta),
As narinas o aroma julgam:
Cabe ao homem a aprovação.
Cabe a ele pagar a conta.
Como no vazio do céu retinto
Fulgura poético o círculo branco,
Ele só por ser emana poesia,
Na festa e no vício,
No trono, num banco.
Por simbolismo em sangue tornado.
Por milagre, da água surgido.
Sorvido com melindre, tragado no gargalo,
Cumpre sua sina:
Pelo homem criado, pelo homem consumido.

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