terça-feira, 1 de setembro de 2009

Reticências

Todo os átomos
Todas as moléculas do meu corpo,
Meus humores e vísceras,
Todo o seu corpo,
Pele, suor e poros.
E o teto e tudo que nos cobre
Tudo o que possuímos
Que ingerimos e excretamos
Os bens que acumulamos
E os infindáveis sonhos do nosso consumo.
A água que sempre mergulha
Buscando a terra que nos atrai,
E essa terra içada refém do vento
E a flora que ao vento a semente lavra.
Toda a matéria-prima
E a moeda paga e a manufatura
Toda obra de arte e arquitetura
As velhas e novas sete maravilhas.
Os artefatos tecnológicos
Os satélites que vagam na órbita
E o planeta azul que eles fotografam
E os astros que esse astro circundam
E os combustíveis que as estrelas consomem
Tudo o que dizemos ser matéria!

Ao todo toda essa realidade é na realidade
Cinco centésimos do universo.
O resto que sobra e que é quase o todo
É massa e energia escura
Aquilo que existe e ainda não entendemos
Que define cada número atômico
Que dá corpo a cada átomo
Em que consiste aquilo que é vácuo
O tecido do corpo espaço
O motor e volante do fator tempo

O ponto onde acaba a ciência humana
E se instauram as reticências
Que caótica ou ordenadamente
Definem nossa condição e existência.

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