sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Luzescrita

A cortina se abre.
Então a luz entra e inunda,
Dando forma ao que era antes escuridão
E congelando uma fração de segundos.
O artista permanece na sombra.
De onde está, ninguém poderá ver seu rosto.
Mas ele sabe que,
No momento em que abriu a cortina,
Ele mostrou sua alma.
Pois não importa a imagem que os olhos verão:
Que seja uma paisagem,
Que seja um retrato,
Que seja abstrato.
Naquele fragmento de tempo
Está a essência do que ele é.
E então ele percebe
Que a sua arte não é sua,
Ele é dela,
E é ela que o conduz dentro dele
Na sua eterna busca por si.
E percebe que, nesta confusão de pronomes,
Por mais que invente novos nomes,
Por mais que surjam novos fatos,
Sua obra será sempre
Um auto-retrato.

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