sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ler Uma Poesia

Ler uma poesia
É embrenhar-se numa alma

Acaso queira dar-se ao trabalho
De seguir esses versos
Verá o caos que existe em mim.
Portanto pare,
Não leia.
Antes reflita o real valor de invadir um espírito.

Sempre haverá o belo
Mas nem sempre o belo é bonito de se ver.
A escultura do poeta tem como modelo
A própria existência humana
E a humana incapacidade de explica-la

Ler um verso é fútil,
Escreve-lo é vil.

É teimar em acordar a angústia que a civilização,
Que as instituições, a tanto custo
Tentam acalentar.

Por que ir além
E perder de forma vã o sono?
Esqueça o belo!
Contente-se com o sensual,
O saboroso,
O cheiroso, o táctil.

Ganhar dinheiro e cumprir horários.
Muito mais fácil que questionar
O que é valor,
O que é tempo.

O conselho está dado
A liberdade é sua.

Entretanto
Se insistir na leitura
Apesar das advertências
Não posso lhe parabenizar
Dizer que foi uma boa escolha
Um ato nobre

Posso apenas erguer minha taça
Que transborda inutilidade
E oferecer-lhe um brinde mudo
Porque aqui se poupam palavras
Para que beba a vontade de minha alma
Corriqueira e sem requinte
A alma de um filho bastardo da vida
Um seu irmão.

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